10/05/2009

Um Novo Inimigo

Narração baseada no jogo Perfect World da Level Up Games

Retesou o arco na altura de sua mira precisa. Não se via nele qualquer esforço, era como se ao erguer a arma todas as forças que a puxariam de volta para baixo fossem anuladas. Era tão habilidoso quanto o melhor guerreiro alado de sua tribo. E não havia muitos deles ali. Dezenas de criaturas possuindo um par de incansáveis asas alvas que não paravam de vibrar.
A flecha fora atirada para cima. Em seu percurso desenhava no ar uma abóbada de luzes aniladas, vivas e cheias de um brilho cegante. As luzes enfeitiçavam... Continuar com o olhar fixo a elas certamente contrairia danos a córnea. A flecha, envolta por aquelas faíscas inebriantes, parecia uma longa e embaraçada cauda de um cavalo elétrico.
Em sua queda certeira, atingia o ombro de uma das amazonas que estavam de pé sobre o chão coberto de terra úmida e escura. O corpo era jogado para trás como se uma sucção poderosa a tirasse do lugar. Ela caia de costas e a pele atingida enegrecia rapidamente. A flecha ofuscava-se e tornava-se tão negra quanto o piche, além de ostentar uma aparência frágil e quebradiça.
Era mais uma humana que ia ao chão. Havia tantas delas, incontáveis tropas de Amazonas tão destemidas e imparciais que a olhos sãos detê-las seria loucura. Por mais que aparentassem serem intermináveis falanges humanas indestrutíveis, aqueles alados não cessariam o ataque, protegeriam os terrenos sagrados de Pan Gu custando o que custasse.

- Onde está o Ancião, seus vermes voadores?! – vociferava a amazona que parecia liderar todo o resto – Solicitem-no, quero vê-lo! Agora!

A voz era tão poderosa quanto o som de graves violoncelos. Retumbava como se a amazona incorporasse Ártemis em sua alma e possuísse as mesmas linhas espectrais em sua face bronzeada. Enquanto isso o exército continuava avançando e não parariam enquanto o Ancião daquela aldeia não se pronunciasse.
Para salvar-lhe as vidas, surgiu sobreposto por entre ombros e envergadura de asas, um velho humano de barba rala e acinzentada. Carregava um semblante quieto e concentrado, como um alguém que sustentava nos ombros a experiência de todos os conhecimentos do mundo. Após tossir e quase engasgar-se, falava rouco e trêmulo por conta da idade. Todos se calaram e por respeito, as armas foram abaixadas.

- Ouvi como trovoada que suas tropas de Amazonas, finalmente, viriam nesta direção, senhorita Iole... Não arranque mais a vida destes alados injustamente...
- Como se chama, velho? – Iole estava montada sobre o dorso de um cavalo negro, alto e robusto, os músculos da perna do animal os denunciavam como sendo exímio corredor e o desprezo da voz de Iole como sendo exatamente o que deixava transparecer.

Ela apontava uma lança de cabo longo e lâmina perigosamente afiada para o Ancião, este não se mexia, mantinha as mãos unidas atrás do corpo pacientemente. Iole, além de parecer austera e impassível, possuía no olhar grandiosa malícia, quem olhasse por muito tempo se perderia naquele labirinto infinito e sem retorno.

- Para que o conhecimento do meu nome se quem realmente você procura está a, muitas milhas, livre do seu cárcere?

O Ancião lançava-lhe um olhar igualmente perturbador, ferino. Iole levantava o queixo como se atingida bruscamente tanto pelas palavras quanto pelo olhar. Parecia mesmo que aquele velho queria afastar-lhe limitando os atos violentos da amazona.
Ordenou em um único ímpeto de voz, que capturassem o Ancião e o tornassem prisioneiro, até que ele finalmente conseguisse responder as perguntas que há tanto tempo, fustigavam a mente de Iole. O olhar lançado do Ancião ao seu povo, enquanto era amarrado a correntes pelos pulsos e tornozelos, era calmo e benevolente. Aquilo certamente inibia o povo de continuar derrubando amazonas e gastando suas vidas em vão...
Eles estavam imóveis, desacreditados. Aquele que primeiramente havia tombado uma amazona, traçando o ar com uma flecha magicamente azulada, agitou o arco na direção da líder Amazona que já se deslocava para longe. Mas seu olhar negro, agora desferido contra ele, fora tão mais poderoso que a aljava prateada que ele carregava nas costas tornou-se insignificante. O arco fora ao chão, vibrando flexível...
Iole virava-lhe as costas, enfim, no momento exato em que, precisamente, a ponta de uma flecha simples de madeira firme penetrava a têmpora esquerda do alado mais forte da aldeia. Este caía inerte e já sem vida...
Aquilo deixava claro que com Iole ainda viva as coisas naquela terra se tornariam ainda mais caóticas... Até encontrar quem procurava, meio mundo ou se não ele inteiro, sofreria a ira das Amazonas esquecidas...

1 comentários:

Anônimo disse...

Você escreve muito bem ^^

Fiquei surpreso com a força da narrativa. O ritmo da história está bem cadenciado, dá pra sentir a cena até o ponto em que o ancião surge. Nesse ponto o embate torna-se verbal e interessante tb.

Mas vc me pediu uma opinião para o guia, então vamos lá.

Há alguma chance de tornar a estória mais genérica e imersa na mitologia do jogo? Por genérica quero dizer algo que cause uma impressão de reconhecimento em quem lê. Eu conheço o perfil do seu char, e vejo todos os elementos, mas estou pensando em quem vai ler a narrativa como uma apresentação.


Outra coisa é a utilização do mito grego das amazonas. Eu estou ok comk isso, mas não sei quanto aos outros, será q dá para traduzir isso em termos chineses. Utilizar a deusa chinesa da lua, por ex?

Diga-me o que pensa sobre esses pontos^^

Ash

 

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