24/11/2009

Areia Ao Vento


Já se foi o tempo em que a gente se escondia e dizia que era brincadeira.
Já se foi o tempo em que a gente disfarçava a inocência numa daquelas voltas de carrossel.
Já se foi o tempo em que entrelaçar as mãos era tão perigoso quanto ver os joelhos desnudos de uma moça.
Já se foi o tempo em que tudo era fantasia.
Virou-se realidade, mesquinha realidade.
Onde o tempo já se foi e esqueceu de me levar, onde o tempo parou e eu esqueci de acompanhar. Onde o sangue escorreu e eu esqueci de estancar...
Já se foi o tempo em que eu acreditava em qualquer coisa: eu aprendi com isso.
Já se foi o tempo em que me cobria até a cabeça com medo dos monstros da noite. Agora me cubro até pela manhã.
Já se foi o tempo em que eu chorei com a primeira morte de um personagem de novela. Agora não posso mais contar quantas piscinas de lágrimas já correram dos meus olhos por coisas reais, pois o tempo em que me preocupava com matemática já se foi...
Virou-se pó, o tempo que eu me preocupava... com qualquer coisa...
Juntei um saco de areia e contei grão por grão, ali estavam os meus amigos. Agorinha mesmo retirei um saquinho de pano do bolso, menor que a ponta do meu dedo mindinho. Abri e sacudi no ar... Perderam-se, pois já se foi o tempo em que eles realmente retornam. E eu devo tudo ao que me forma, ao meu jeito de encarar as coisas.
Cruel realidade: eu cresci, foi inevitável. Já se foi o tempo em que todas as mudanças eram aceitas.

E eu paro por aqui...

07/11/2009

 

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