03/08/2008

Eis que surge o "Fantasma Branco", se é que ele já não existia...



Ei amigo, antes de eu ir nós escrevemos uma história aqui. Uma história de impossíveis, na qual sempre nos víamos incapazes de entender um ao outro. Como o canto escuro e o outro claro, e ninguém definia ao certo quem queria o melhor deles... Foram anos de querer o seu bem, anos te defendendo e tentando te defender de alguém que pra você parecia ser a melhor pessoa do mundo. Mas o Vento te leva um recado esta noite, eu nunca fui tão melhor que qualquer um que tentou ser e tentou te mostrar. Mas eu me entreguei, eu vi um dragão cuspindo fogo entre nós dois e não vi forças nos meus braços e nem no meu coração... Eu decidi ir, antes que ele acabasse comigo e não me desse à chance de te amar de longe, amigo... É meu jeito débil de tentar te arrancar o teu gênio interior e molda-lo a um modo mais agradável... Mas eu lembro que essa tentativa é impossível, você já tem um molde, eu não me preocupo... Eu sorrio... Nas tantas vezes que eu gargalhei ao teu lado, procurando fugir das assombrações da madrugada, vendo que você seria minha luz e que dissiparia qualquer horror em questão de abrir uma porta... Mesmo que as pessoas falem que você não é confiável, que leva a mentira em cima de seus ombros, eu sou capaz de ver o que é bom e frutífero que sai de você. A gente brigou muito, é verdade, mesmo com essa barreira ao meio que me deixa tão longe de você. Brigamos horrores, mas não vejo um meio maior para se conseguir entender uma pessoa se sempre se está bem com ela... Você tem os seus companheiros agora e eu tive que ir... Eu espero que você não veja nos olhos deles a mim, e sinta minha falta, porque isso seria agonizante. Seria agonizante sentir a minha falta no que parece que uma linha tênue e fraca, numa distância de milímetros, nos separa e eu não posso esticar a mão e te segurar... Eu estou vestindo meu casaco agora, e minha saia arrasta para bem longe... Eu conheço seus preceitos, conheço seus companheiros, e um deles sempre foi meu fiel escudeiro... Não... Ainda não perdi você completamente...Ah, o peso... Ele não existe mais!


Enfiei-me eu própria no coração uma adaga embebida em veneno, salpiquei areia em meus olhos e gritei... Não por causa da dor agonizante, gritei porque ceguei antes de morrer e não consegui ver-te nem tocar-te. Gritei pois a única coisa que valia e eu tinha dentro de mim estava podre e gelada como cascalho a beira de um lago.


- Lancelot... Lancelot... Você está aí?…

Guinevere, o Fantasma Branco

Continua...

3 comentários:

Tyr Quentalë disse...

Quão amarga pode ser esta sensação, onde precisamos ser mais fortes do que nossas próprias emoções ou razão.
Quão doloroso pode ser o momento de se transformar em um fantasma, por saber que assim será melhor, mas carregando na alma marcada as lembranças do que parecia ser um dia melhor.
Quão perigoso pode ser o ato de deixar um momento se aproximar tanto ao ponto de tornar-se uma linha tênue e frágil.
Mas saiba minha cara amiga, que fantasmas podem tornar-se anjos e estes podem vir a ter asas tão negras quanto a seriedade de momentos como estes aqui descritos.

Anônimo disse...

Pois fantasmas por vezes parecem se deixarem criar de nós, para ficar pra trás junto àquelas pessoas que não conseguiríamos nunca abandonar por completo. E são esses, essas sombras, que poderão vir nos alertar... talvez. Apenas talvez.

Não há verdadeira despedida, exceto a final. O tempo é o único que cumpre tudo aquilo o que promete.

Anônimo disse...

"oh quanto sangra meu pum em fezes se desfaz; na alvorada oh fúrico onde esta teu último suspiro?

Peidei!!

Palmas!!!!!

 

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